O Conselho Português para a Paz e Cooperação promoveu no dia 16 de Dezembro, em Lisboa, a sessão pública «Pelo Fim das Armas Nucleares», na qual participaram Jean Paul Lainé, presidente da Federação Mundial dos Trabalhadores Científicos, Frederico de Carvalho, físico e membro da presidência do CPPC, e a presidente da direcção do CPPC Ilda Figueiredo. Esta iniciativa inseriu-se na campanha pela adesão de Portugal ao Tratado de Proibição de Armas Nucleares, lançada pelo CPPC, na qual se integra igualmente a petição que pode ser assinada na Internet (http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=nao-armas-nucleares).

A posição do Governo português de não aderir ao Tratado devido aos seus compromissos com a NATO foi severamente criticada, lembrando-se esse compromisso maior com a Constituição da República Portuguesa, que no seu artigo 7.º aponta a «dissolução dos blocos político-militares» e o «desarmamento geral, simultâneo e controlado». Ou seja, perante esta contradição, o Governo deveria ter assumido a posição contrária!

Nas várias intervenções, alertou-se para o risco real de deflagração de um conflito nuclear generalizado e para as implicações que tal conflito teria para a humanidade. Pelo elevado número de ogivas nucleares actualmente existentes e sua potência (muito superior às bombas de Hiroxima e Nagasáqui), um conflito nuclear colocaria em risco a própria sobrevivência da humanidade. Aliás, como referiu Frederico de Carvalho, tal conflito pode até «eclodir por acidente ou erro de sistemas de alerta precoce, que, aliás, já se verificaram no passado», além de que «certas decisões político-militares de uma parte podem fundamentar da outra parte a convicção da iminência de um ataque nuclear preventivo e levá-la a reagir». Como também se sublinhou na sessão, a acção dos defensores da paz é essencial para fazer baixar a tensão militar e inverter a militarização das relações internacionais que marca a actualidade.

Em debate esteve também o Tratado de Proibição de Armas Nucleares, assumido em Julho deste ano por 122 países das Nações Unidas, que o presidente da FMTC considerou uma mais significativas vitórias das forças da paz alcançada recentemente. Ao contrário do Tratado de Não-Proliferação, este tratado coloca fora-da-lei este tipo de armamento de destruição generalizada apontando à sua completa destruição. O papel dos cientistas na ampliação desta causa, lembrou Jean Paul Lainé, é fundamental, como o foi no início da década de 50 na difusão do Apelo de Estocolmo. O reputado investigador francês sublinhou ainda como questão central do nosso tempo a acção firme dos trabalhadores da ciência e da técnica para que os avanços do conhecimento humano sejam colocados ao serviço do avanço e do progresso da humanidade.

Nas intervenções que se seguiram, proferidas por activistas do CPPC e de outras organizações sociais presentes na sessão, colocou-se a tónica na acção necessária para esclarecer e unir amplas camadas da população portuguesa em prol da paz e do desarmamento. A realização de iniciativas culturais e educativas, uma mais ousada e criativa apresentação dos materiais didáticos sobre a paz e a ampliação da acção em parceria com escolas, colectividades, autarquias e sindicatos foram soluções apontadas. Ilda Figueiredo, a terminar, reafirmou a determinação do CPPC em prosseguir a sua actividade em prol do desarmamento geral, simultâneo e controlado, condição fundamental para assegurar a paz e a segurança no mundo.