
Assinala-se, a 21 de setembro, o Dia Internacional da Paz, consagrado pelas Nações Unidas para afirmar e promover a paz e evitar as tensões e causas de conflito no mundo. No tempo em que vivemos, celebrar este dia e refletir sobre o seu significado, é da maior importância, dada a gravíssima situação que se vive no mundo, com a proliferação de conflitos, a insana corrida aos armamentos e a perigosa retórica militarista que se verifica, nomeadamente na NATO e na União Europa.
Para o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), a paz só é possível com relações internacionais justas, que salvaguardem a igualdade soberana entre os Estados e o respeito pelos direitos dos povos.
Como a Constituição portuguesa preconiza, a salvaguarda da paz implica a abolição do imperialismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos, o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares.
A construção de um mundo de paz requer uma aposta séria na resolução política e diplomática dos conflitos, a não ingerência nos assuntos internos dos Estados e a cooperação visando a solução dos mais graves problemas que a Humanidade enfrenta – as desigualdades, a fome, a doença, a pobreza, o subdesenvolvimento, os problemas ambientais.
Estes princípios, embora se encontrem consagrados na Carta das Nações Unidas e na Ata Final da Conferência de Helsínquia – bem como na Constituição da República Portuguesa, que os acolhe e desenvolve –, não são realidade num mundo cada vez mais instável e perigoso.
Confrontados com ameaças crescentes à sua hegemonia global, os Estados Unidos da América – com o apoio dos seus aliados, nomeadamente do G7, da NATO, da UE e de países como Israel – recorrem à guerra e ao militarismo para procurarem suster o seu declínio relativo, particularmente visível a nível económico.
No Leste da Europa prossegue uma guerra iniciada em 2014, que poderia ter sido evitada e que devia ter terminado há muito, não fosse a constante sabotagem da via negocial e a aposta permanente no prolongamento e agravamento do conflito, com consequências ainda mais dramáticas para os povos.
O CPPC reafirma a necessidade da adoção de medidas que ponham fim à política de confrontação, que promovam o diálogo e possibilitem o encontrar de soluções com vista à resolução negociada do conflito e a assegurar a segurança coletiva na Europa e no Mundo.
No Médio Oriente, Israel assume-se cada vez mais como um fator de violência e desestabilização na região: comprovam-no o genocídio do povo palestiniano e a pretensão de colonização de toda a Palestina, os ataques e a ocupação de territórios do Líbano e da Síria, ou dos ataques ao Irão, ao Iémen e ao Catar – só possíveis pelo apoio militar, económico e diplomático constante por parte dos EUA e das principais potências da NATO e da UE.
No Extremo Oriente, agrava-se a militarização: com o envio de frotas navais norte-americanas, o incremento de alianças militares dos EUA com a Austrália, o Japão, a Coreia do Sul e outros países e as constantes provocações em torno da questão de Taiwan – aumentando a tensão na região.
Na América Latina e Caraíbas, o recente envio de navios militares norte-americanos visando a Venezuela, o agravamento do bloqueio contra Cuba e as ameaças ao Brasil são novos e graves elementos da política de domínio dos EUA da região que considera como seu pátio traseiro, em consonância com a famigerada Doutrina Monroe.
Se as ameaças são muitas, e graves, é também crescente a afirmação soberana de países e povos, a reivindicação da solução pacífica dos conflitos, as movimentações populares contra o aumento das despesas militares, que desviam milhares de milhões que deviam ser utilizados para assegurar a melhoria das condições de vida dos trabalhadores e dos povos.
Em Portugal, o CPPC reafirma o seu compromisso de procurar alargar o movimento e a acção pela paz e a solidariedade como proclama o Apelo aprovado por unanimidade no IV Encontro pela Paz, realizado no Seixal, em 31 de Maio, que contou com mais de 100 organizações e 1000 participantes.
A campanha de solidariedade com a Palestina “Todos pela Palestina! Fim ao genocídio! Fim à ocupação!”, que junta já mais de 60 organizações e que continua em crescimento, é uma prioridade no imediato; a campanha de solidariedade com Cuba, pelo fim do bloqueio e pela retirada de Cuba da arbitrária lista dos EUA de países ditos “promotores do terrorismo”, tem vindo a alargar-se; a ação geral pela paz e o desarmamento procura romper o bloqueio mediático que sobre ela recai.
Este é o nosso compromisso, este é o caminho que serve os povos do qual não abdicamos. E nesta ação pela paz, que é pelo nosso futuro partilhado, todos não somos demais.
A Direção Nacional do CPPC
21-09-2025